Tenho passado dias agradáveis ao som de uma sinfonia montando um andaime.
Maquita, martelo, porcas, parafusos, ferramentas, canos e mais mais canos de diversas polegadas...
Como é bom trabalhar num canteiro de obras!
É peão gritando, gente rezando, agentes da sucen palestrando
e o rádio tocando.
Trabalho atrasando, o Papa chegando, minha chefe falando
e o rádio tocando.
Celular vibrando, cabeça girando, fome apertando
e o rádio tocando.
Frio se aproximando, nostalgia incomodando, problema infernizando
e o rádio tocando.
E eu dançando, como se mais nada existisse lá fora.
Tantas e tantas vezes já quis que o mundo parasse pra eu descer...
Hoje me vejo no meio do vendaval, e quero mais é que tudo voe bem alto.
Quero ver o cirgo pegar fogo!
Minha parte tá feita.
Eu vou mas eu volto.
E então, o que eu mais temia aconteceu. Não foi o primeiro tombo de bicicleta ou a primeira briga com a melhor amiga. Não foi a pior nota na escola ou a primeira mentira deslavada. Também não foi o primeiro amor não correspondido, foi o contrário disso... O amor que virou desamor, em tão pouco tempo, em tão longo tempo, nas horas incontáveis de sua adolescência. A dor de um dia que parece não passar, o frio na barriga, suor na mão, disparo no coração. As borboletas deixam a harmonia de lado e passam a bater suas asas descompassadamento no estômago. As lágrimas teimosas, a cada música romântica tocada no rádio, a cada cena na televisão, ou até mesmo no livro da prova de português, consegue ser romântico a ponto de ser detestável. Maldito telefone que toca. Maldito telefone que não toca. Malditas benditas pessoas que amam e querem confortar o que não tem conforto. Acaba o chão, acaba a reação, acaba com o coração. E o que eu mais temia, agora me consome como há anos atr...
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