Tenho passado dias agradáveis ao som de uma sinfonia montando um andaime.
Maquita, martelo, porcas, parafusos, ferramentas, canos e mais mais canos de diversas polegadas...
Como é bom trabalhar num canteiro de obras!
É peão gritando, gente rezando, agentes da sucen palestrando
e o rádio tocando.
Trabalho atrasando, o Papa chegando, minha chefe falando
e o rádio tocando.
Celular vibrando, cabeça girando, fome apertando
e o rádio tocando.
Frio se aproximando, nostalgia incomodando, problema infernizando
e o rádio tocando.
E eu dançando, como se mais nada existisse lá fora.
Tantas e tantas vezes já quis que o mundo parasse pra eu descer...
Hoje me vejo no meio do vendaval, e quero mais é que tudo voe bem alto.
Quero ver o cirgo pegar fogo!
Minha parte tá feita.
Eu vou mas eu volto.
Da série, quando a vida muda eu escrevo. Escrevendo pra quem não lê, desde 2006. Cheguei aos quarenta e cinco, dos trinta onde comecei. Mudando o enredo, pra não seguir a rima Um copo de vinho e uma rufles meio murcha, cachorro deitado no meu pé, gata querendo dividir comigo o teclado e filha deitada no quarto . Assim é estruturada minha nova rotina familiar. Olho acima da tela, vejo flores no aparador. As comprei hoje a tarde. Olho os livros na estante, os mesmos, do decorrer da vida. Olho as plantas em cima do armário. Verdes, mas tão verdes, que me orgulho do meu trabalho. Me tornei uma exímia cuidadora de plantas. Correndo os olhos pela sala, vejo um quadro do Neruda, tão sonhado, exatamente onde imaginei E ao seu lado, Sidharta, o Buda, exatamente onde o deixei. Os ouvidos, ouvem a tv, num jornal, bem baixinho E se fizer força, lá fora, o barulho do mar. Alguns barulhos, na casa do vizinho Quase a silenciar. Em pouco tempo, troco todos os sons, pelos do teclado Em uma noite comemo
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