Da série, quando a vida muda eu escrevo.
Escrevendo pra quem não lê, desde 2006.
Cheguei aos quarenta e cinco, dos trinta onde comecei.
Mudando o enredo, pra não seguir a rima
Um copo de vinho e uma rufles meio murcha, cachorro deitado no meu pé, gata querendo dividir comigo o teclado e filha deitada no quarto .
Assim é estruturada minha nova rotina familiar.
Olho acima da tela, vejo flores no aparador.
As comprei hoje a tarde.
Olho os livros na estante, os mesmos, do decorrer da vida.
Olho as plantas em cima do armário.
Verdes, mas tão verdes, que me orgulho do meu trabalho.
Me tornei uma exímia cuidadora de plantas.
Correndo os olhos pela sala, vejo um quadro do Neruda, tão sonhado, exatamente onde imaginei
E ao seu lado, Sidharta, o Buda, exatamente onde o deixei.
Os ouvidos, ouvem a tv, num jornal, bem baixinho
E se fizer força, lá fora, o barulho do mar.
Alguns barulhos, na casa do vizinho
Quase a silenciar.
Em pouco tempo, troco todos os sons, pelos do teclado
Em uma noite comemorativa.
Estou  a escrever!
Ouvindo o barulho do meu coração.
Eu tenho um coração?
Diz o zodíaco que não.
Capricornianos não tem coração.
E como capricorniana torta, provo o contrário, acompanhada por um gole de vinho
Tenho coração sim!
E nele cabe, além de uma vida inteira,
Quem mais quiser vir, desde que venha num dia de feira.
De segunda a sexta
Pois sábado e domingo, a casa fica vazia
Propositalmente.
Para que eu possa me encher de mim.



Comentários

Anônimo disse…
Desde 2004 eu nunca deixei de ler, nem de admirar sua forma de se expressar e escrever.
Talvez eu seja o leitor mais assíduo.
Se encontrasse um texto seu sem assinatura perdido pela internet, certamente saberia que era seu.
É isso, a admiração sempre existirá!

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