Volto, depois de alguns anos e encontro alguns rascunhos empoeirados. Entendo que, qualquer coisa que se dê início é mais fácil que um remendo. Mas, movida a apegos peculiares, pego a planta baixa pra começar a reforma. Uma única estrutura arquitetônica, para moradias distintas num mesmo endereço, separadas por alguns anos - e uns fios de cabelo brancos a mais, que disfarço melhor que meu humor. ... Eu, que tenho por hábito ouvir podcasts de crimes, sempre me pego pensando no crime perfeito. Seria aquele que não deixa rastros? Aquele cujo assassino é cirúrgico? Ou aquele que nunca é descoberto? Talvez o crime perfeito seja cometido por uma pessoa comum, sem sociopatias, que tenha o controle emocional de esquecê-lo na sequência. Resultado de pequenas mortes que nos fortalecem.como um centauro - o instinto animal em junção à inteligência humana, numa metáfora das ações dos homens numa situação de perda de controle. No curso da vida, em vários momentos, todos morremos e de modo paradoxal,...
E então, o que eu mais temia aconteceu. Não foi o primeiro tombo de bicicleta ou a primeira briga com a melhor amiga. Não foi a pior nota na escola ou a primeira mentira deslavada. Também não foi o primeiro amor não correspondido, foi o contrário disso... O amor que virou desamor, em tão pouco tempo, em tão longo tempo, nas horas incontáveis de sua adolescência. A dor de um dia que parece não passar, o frio na barriga, suor na mão, disparo no coração. As borboletas deixam a harmonia de lado e passam a bater suas asas descompassadamento no estômago. As lágrimas teimosas, a cada música romântica tocada no rádio, a cada cena na televisão, ou até mesmo no livro da prova de português, consegue ser romântico a ponto de ser detestável. Maldito telefone que toca. Maldito telefone que não toca. Malditas benditas pessoas que amam e querem confortar o que não tem conforto. Acaba o chão, acaba a reação, acaba com o coração. E o que eu mais temia, agora me consome como há anos atr...
E já foram tantas despedidas, e indas, e vindas e indecisões... que hoje compreendo meu apego por tudo que é meu. Como uma pessoa que tem dificuldade até mesmo pra limpar a lixeira do notebook iria se desfazer facilmente de tantas memórias? Estou com quarenta e quatro anos. Assim mesmo, escrito por extenso, porque me orgulho da minha idade. Comecei escrever entre os 16 e 18, numa época que computador não era acessível. Fiz muitos cadernos, que foram desfeitos em momentos de tristeza. Ficou a lição: se um dia me desfizer de algo, que seja em plena alegria! Hoje estou triste, fechando um ciclo. A tristeza é por não saber como fechar, ou pelo apego que esse ciclo, enorme, por sinal, me trouxe. Desfiz meu altar e fiz minha mala. E aqui vou eu pra onde tudo começou, interna e externamente. E aqui estou de novo! De novo? É... alguns hábitos não mudam. Sou uma pessoa que erra muito e hoje entendo o ditado DE BOA INTENÇÃO, O INFERNO ESTÁ CHEIO. Estou fazendo as pazes com meus erros, tô ...
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